O evangelho é para todos • Nickolas Maciel

Lição 11 – Módulo IV – 20MAR2022
Publicado em 20/03/2022

A VIDA DE NOSSO SENHOR (parte 2)

EBD – Lição 11 – Módulo IV – 20.MARÇO.2022
O EVANGELHO É PARA TODOS
ESTUDO CRONOLÓGICO NOVO TESTAMENTO

Vimos na aula anterior a importância de estarmos conectados com o reino de Deus e pré-dispostos a testemunharmos de Cristo em todo o tempo. Nesta lição estaremos trazendo uma abordagem da necessidade de entender que o evangelho é transformador e também para todos. Após Jesus concluir sua parábola sobre o fariseu e o publicano, deixou a Galileia rumo a Judeia, a leste do Jordão. Multidões o seguiram e ali, além do Jordão, ele curou seus enfermos (19.1,2). Nessa região Jesus é abordado pelos fariseus, e a partir desse momento entraremos no primeiro bloco de nossa lição, onde o que é enfatizado não são as curas que Jesus estava realizando, mas sim o seu ensino. A cura e o ensino caminham juntos em sua atividade.  



1. A questão do divórcio (Mt 19.1-12; Mc 10.1-12)

Os fariseus, como inimigos de plantão, mais uma vez, estão maquinando contra Jesus, para apanhá-lo em alguma falha. Eles já tinham tentado pegar Jesus em contradição a respeito do sábado e dos sinais (12.2,14; 15.1; 16.1), mas haviam fracassado. Agora, eles tentam Jesus novamente acerca de um dos mais controversos assuntos, o divórcio.

Esse grupo de religiosos pergunta a Jesus (v.3): “É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher por qualquer motivo?”. Esse assunto do divórcio já foi tratado em lição do módulo III, mas o tema volta à pauta, pois não era simplesmente uma resposta que aquele grupo de fariseus buscava, já que eles certamente já tinham uma opinião formada sobre o assunto. Na verdade, eles estavam armando uma armadilha para Jesus. O versículo 3 dá suporte para essa afirmação: “Alguns fariseus aproximaram-se dele para pô-lo à prova.”

Quais eram as motivações dos fariseus por trás dessa pergunta?

Em primeiro lugar, colocar Jesus contra Herodes. Foi nessa mesma região que João Batista foi preso e degolado por denunciar o divórcio ilegal e o casamento ilícito de Herodes com sua cunhada Herodias. Os fariseus instigavam Jesus a ter a mesma atitude de João Batista, pensando que com isso, teria o mesmo destino. 

Em segundo lugar, colocar Jesus contra Moisés. Os fariseus buscaram arrastar Jesus para o debate de Deuteronômio 24.1, com o objetivo de colocá-lo contra Moisés e, consequentemente, contra Deus (19.3,7). Se Jesus dissesse que era lícito se divorciar por qualquer motivo, ele afrouxaria o ensino de Moisés sobre o divórcio. Moisés havia ensinado que se o homem encontrasse algo que ele reprova na mulher, levaria carta de divórcio e a despediria (Dt 24.1). 

Em terceiro lugar, colocar Jesus contra o povo. Esperava-se que sua resposta indignasse o povo, que considerava a liberdade que a lei lhes dava de se divorciar de suas esposas, um de seus principais privilégios. Se ele entregasse uma doutrina diferente da que havia ensinado em ocasiões anteriores, eles pensaram que seria um motivo adequado para acusá-lo de dissimulação.

A palavra de Jesus ao dizer que não foi assim desde o princípio (Ele respondeu: vocês não leram que, no princípio, o Criador os fez homem e mulher e disse: Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne? Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém separe”. (Mt 19.4-6), nos ajuda a entender que os homens pela dureza do coração começaram a abrir mão dos princípios de Deus e com isso tomaram rumos diferentes ao apresentado pelo Criador.

Podemos então concluir que os fariseus não estavam sendo sinceros em sua pergunta. Pelo contrário, o propósito deles era colocar Jesus em uma situação difícil. Mas eles erraram completamente seu objetivo; pois Jesus, sempre coerente consigo mesmo, declarou-se corajosamente pela terceira vez contra os divórcios arbitrários, não temendo nem um pouco o ressentimento popular. 

Hoje, em nome do politicamente correto, corremos o risco de não tratar alguns assuntos como devem ser tratados. Outro cuidado que precisamos ter é o de julgamentos e condenações precipitadas e indevidas em nome de um evangelho que não foi o que Cristo pregou. Muito cuidado com isso.

2. Jesus abençoa as crianças (Mt 19.13-15; Mc 10.13-16; Lc 18.15-17)

Só compreenderemos a beleza dessa passagem quando observarmos o tempo em que esse fato aconteceu. Jesus estava indo para Jerusalém. Ele marchava para a cruz. Foi nessa caminhada dramática, dolorosa, que Ele encontrou tempo em sua agenda e espaço em seu coração para acolher as crianças, orar por elas e abençoá-las.

Jesus utilizou as crianças para ensinar princípios do Reino. Ele é enfático, quando afirma: “[...] Pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas” (10.14). O que isso significa?

Jesus está dizendo que o reino de Deus não pertence aos que dele se acham “dignos”; ao contrário, é um presente aos que são “tais” como crianças, isto é, dependentes. Assim como as crianças descansam na provisão que os pais lhe oferecem, devemos também descansar na obra de Cristo, na providência do Pai e no poder do Espírito. Deus deseja que confiemos nele plenamente, obedeçamos de todo o coração e com humildade.

Nossas crianças precisam ser cuidadas de uma maneira muito especial e precisamos aprender com elas sobre os princípios que regem os que são novas criaturas e estão presentes no reino de Deus.

3. O jovem rico (Mt 19.16-30; Mc 10.17-31; Lc 18.18-30)

Depois de falar sobre casamento e divórcio e ainda depois de orar e impor as mãos sobre as crianças, Jesus passa a falar sobre o perigo das riquezas. Já parou para pensar na influência e no poder que o dinheiro exerce sobre algumas pessoas? Pessoas casam, divorciam, matam e morrem pelo dinheiro. No sermão do monte, Jesus disse que não podemos servir a Deus e às riquezas ao mesmo tempo (6.24).

Ao lermos essa mesma passagem nos evangelhos sinóticos vemos que essa pessoa que foi até Jesus era uma pessoa jovem, muito rica e além disso, alguém importante.

Sua pergunta: “Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna?” (v.16), nos revela que ele era uma pessoa sedenta pela salvação. Ele buscava algo mais que não havia encontrado no dinheiro. Ele de fato sabia que não possuía a vida eterna, por isso queria ser salvo.

Embora esse jovem desejasse a salvação, sua pergunta nos mostra também que estava enganado a respeito de como alcança-la. Ele possivelmente supunha que a vida eterna devesse ser merecida, e que fosse necessária alguma boa obra que não estava fazendo na ocasião. Ele queria obter a salvação por obras, e não pela graça.

Além disso, a reação negativa daquele jovem quando Jesus diz “... vá, venda seus bens e dê o dinheiro aos pobres” (v.23) nos revela que o dinheiro era um ídolo para esse jovem. A sua confiança não estava em Deus, mas sim na falsa segurança que o dinheiro podia oferecer. Jesus não está condenando a riqueza, mas a confiança na riqueza. A raiz de todos os males não é o dinheiro, mas o amor ao dinheiro (ITm 6.10). A questão não é possuir dinheiro, mas ser possuído por ele.

Os que ouviram a explicação ficaram espantados com a posição radical de Jesus e perguntam: “... sendo assim, quem pode ser salvo?” (19.25). Jesus respondeu: “Para o homem é impossível, mas para Deus todas as coisas são possíveis” (19.26). A conversão de um pecador é uma obra sobrenatural do Espírito Santo. Ninguém pode salvar-se a si mesmo. Somente Deus pode fazer de um amante do dinheiro, um adorador do Deus vivo.

4. A parábola dos trabalhadores na vinha (Mt 20.1-16)

Essa parábola é uma sequência lógica do ensinamento de Jesus no texto anterior. E uma ilustração do que Jesus acaba de ensinar: “Contudo, muitos primeiros serão últimos, e muitos últimos serão primeiros.” (19.30). Sendo assim, é essencialmente uma parábola acerca do reino dos céus, onde a graça de Deus é o fator predominante. Spurgeon confirma essa ideia: “O chamado para o trabalho, a capacidade e a recompensa são todos com base em um princípio de graça, e não de mérito”.

O ensino básico é que Deus nos convoca para fazermos parte de seu reino em tempos diferentes, e a todos aqueles a quem ele chama, oferece a mesma coisa. Isso é graça. Embora os judeus tenham sido chamados pela primeira vez para a vinha, por fim o evangelho deve ser pregado aos gentios, e eles devem ser admitidos a privilégios e vantagens iguais com os judeus. Nessa questão, os judeus não têm vantagem sobre os gentios.

A parábola também pode ser aplicada de forma mais geral e mostra que: 

  1. Não se recebe por desempenho, mas por causa da graça de Deus.
  2. Não devemos nos ofender com a bondade de Deus.
  3. Devemos nos alegrar mais por estar trabalhando com Deus do que pelo salário.

CONCLUSÃO

Vimos que Jesus, mais uma vez, frustrou os planos dos fariseus, que queriam pega-lo em alguma contradição. Nosso mestre, mesmo em meio a agitação em que estava passando, encontrou tempo para orar e abençoar as crianças, mostrando que o evangelho é para todos, inclusive para as crianças. Além disso nos mostrou também que a Salvação é uma graça divina, não temos méritos nisso. Como nos sentimos em relação a essas verdades? Que nosso coração se encha de gratidão, por poder fazer parte do Reino de Deus, e pelo privilégio de poder trabalhar para Ele.

 


Autores:

:: Pr. Gilberto Martins


:: Pb. Ivan Pisani

:: Nickolas Maciel

Referências bibliográficas

- Bíblia Sagrada _ Nova Versão Internacional, 2ª. Edição: Geográfica, 2000.

- O evangelho de Lucas, Introdução e Comentário por Leon L. Morris, M. Sc., M.Th., Ph.D. 1a. Edição: Mundo Cristão, 1983.

- João, Introdução e comentário, F.F. Bruce. 1ª. Edição: Mundo Cristão, 1987.

-  O evangelho de Mateus, comentário expositivo por Hernandes dias Lopes, 2019.

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