DIA 36 - Segunda
Publicado em 25/03/2024
Segredos do Lugar Secreto - Bob Sorge
Capítulo 46
O SEGREDO DA IDENTIDADE DA NOIVA
Um dia, quando estava dirigindo na rodovia a cerca de 80 km por hora, percebi duas rolinhas na estrada a minha frente. As rolinhas normalmente são vistas em pares, porque permanecem juntas por toda a vida. Então, pensei comigo: “E melhor que esses pássaros saiam da estrada ou acabarei atingindo-os”.
Com certeza, no momento em que eles decidiram sair já era tarde demais. Voaram penas para todos os lados. Atingi os dois em cheio. Pensei então comigo mesmo: “Pássaros estúpidos. Eles deveriam ter saído antes”. Só mais tarde aprendi algo sobre as rolinhas: elas não têm visão periférica e só conseguem enxergar para frente. Aqueles pássaros não conseguiram me ver aproximando! No momento em que viram, já era tarde demais.
O noivo celestial nos compara com uma pomba quando diz: “Seus olhos são pombas” (Ct 1.5). Para Ele, somos como uma rolinha que não tem visão periférica. Então, eis o que o seu Senhor diz para você, a noiva dele: “Seus olhos são pombas. Você tem uma visão afunilada somente para mim. Você não se distrai com outras afeições e desejos nem para a esquerda nem para a direita. Você apenas me contempla e eu amo isso!”. Você é a noiva dele e tem olhos somente para Ele, seu amado.
Veja, a seguir, duas das muitas passagens bíblicas que se referem ao povo de Deus como sua noiva:
Vi a Cidade Santa, a nova Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu marido. - Apocalipse 2.12
Um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas aproximou-se e me disse: “Venha, eu lhe mostrarei a noiva, a esposa do Cordeiro”. - Apocalipse 21.9
A imagem nupcial de um casamento cósmico aparece frequentemente em toda a Bíblia, começando com Adão e Eva e terminando com o último capítulo da Bíblia. A mensagem é muito clara e consistente: somos a noiva de Cristo, sendo preparada para uma grande celebração de casamento que ocorrerá quando nos unirmos para sempre em grande afeição ao nosso noivo, o Senhor Jesus Cristo.
Os cristãos desempenham o papel feminino no relacionamento quando entramos em comunhão com o nosso Senhor. Ele inicia, nós respondemos; Ele dá, nós recebemos; Ele fecunda, nós damos a luz; Ele lidera, nós seguimos; Ele ama, nós correspondemos; Ele governa, nós reinamos com Ele. Homens que têm dificuldade em se verem como noiva devem se lembrar que as irmãs entre nós também devem se ver como filhos de Deus.
A Bíblia nos chama de noiva e filhos, porque as duas imagens apontam de um modo incompleto para a beleza da perfeição para a qual fomos chamados. Nós nos relacionamos como o Pai como filhos; nós nos relacionamos com o Senhor Jesus como uma noiva.
Geralmente, as irmãs têm uma facilidade maior para entender o segredo deste capítulo - aprender a se relacionar com Jesus como sua noiva apaixonada. Mas os irmãos também podem aceitar esse segredo. Novas dimensões de intimidade e responsividade se abrem para nós quando adotamos nossa identidade de noiva e nos relacionamos com Jesus como nosso noivo.
Quando Jesus nos olha, trajando vestes brancas de justiça, cheios de boas obras, maduros em nossas sentimentos, prontos para o dia de nosso casamento, o seu coração enlevado voa com deleite e deseja sua esposa virgem, sua noiva. Ele mal pode esperar até aquele dia - e nós também! Nesse meio tempo, nos cortejamos com amor, atenção, palavras de carinho, honra e deleite.
O lugar secreto é a câmara do rei (Ct 1.4), o lugar onde desenvolvemos nosso crescente relacionamento de amor.
Esse é o lugar onde Ele fala conosco, declarando quão belos e justos somos aos seus olhos. Respondemos abrindo nossos corações para Ele com maior entrega, louvando os gloriosos atributos de sua beleza e caráter e recebendo as generosas afeições de seu coração. Oh, a troca de amor no lugar secreto é gloriosa! Ele com certeza sabe conquistar um coração!
Jesus não morreu para se casar com uma “mulher amazona”, uma noiva agressiva que é tão rude que intimida com sua força desmedida e conduta imponente. Nem morreu para se casar com um burro de carga que trabalhará incansavelmente para cumprir suas tarefas domésticas e colher seus campos. Ele morreu por amor. Ele morreu para se casar com uma bela noiva que andará com Ele, conversará com Ele, sonhará com Ele, rirá com Ele, planejará estratégias com Ele e governará com Ele.
Quando minha noiva veio caminhando pelo corredor da igreja em minha direção, muitos anos atrás, toda vestida de branco, com um brilho no rosto, eu não estava pensando: “Ela tem belos dentes. Ela assa tortas. Ela cozinha muito bem. Ela lavará minhas roupas. Ela trocará as fraldas de meus filhos. Ela limpará minha casa”. Eis no que eu estava pensando: “Lá vem o meu amor”. Sim, quando nos casamos, Marci sabia que administraria a casa, cuidaria de nossos filhos, prepararia as refeições e lavaria as roupas. Mas não nos casamos por nenhum desses motivos. Nós nos casamos por amor.
É verdade que somos soldados, estamos envolvidos em uma batalha de alto nível estratégico e o Senhor depende de nós para combater o bom combate da fé. E também é verdade que somos trabalhadores de seu vinhedo, labutando arduamente nos campos de colheita para trazermos todo o trigo para o seu celeiro.
Mas Jesus não morreu para conquistar um exército ou uma equipe de trabalho; Ele morreu por uma noiva. Não vamos ao lugar secreto como um soldado procurando planos de batalha, ainda que Ele revele seus planos para nós enquanto estivermos lá. Não vamos como trabalhadores procurando ganhar força para a lida do dia, ainda que Ele nos fortaleça para as tarefas que temos que desempenhar. Vamos ao lugar secreto como uma noiva, para apreciar seu abraço e derramar nele o nosso amor. O lugar secreto é uma celebração para nossa identidade superior - sua noiva! Lá é onde ocorre a troca de amor com intimidade.
O apóstolo João viu o clamor dos crentes nos últimos dias: “O Espírito e a noiva dizem: ‘Vem!’ E todo aquele que ouvir diga: ‘Vem!’ Quem tiver sede, venha; e quem quiser, beba de graça da água da vida” (Ap 22.17). Embora muitas metáforas sejam usadas para o povo de Deus - por exemplo, somos o seu corpo, seu templo, um exército, etc. - a última metáfora que a Bíblia usa para revelar nossa identidade é a de “noiva”.
Acredito que essa seja uma declaração profética de que nos últimos dias o povo de Deus se apropriará mais plenamente de sua identidade como noiva de Cristo. Embora toda imagem tenha suas limitações, a metáfora mais completa de nossa identidade é a de noiva. Jesus está voltando para uma noiva consumida por sentimentos nupciais por seu amado noivo!
Sabendo que uma noiva e um noivo amam ficar juntos, deixe-me fazer uma pergunta: Você já passou tempo com o Senhor? Quando faço essa pergunta, estou pensando em Maria de Betânia, que derramou sua herança (um frasco de alabastro contendo um perfume muito caro) sobre o Senhor e foi repreendida pelos discípulos com as seguintes palavras: “Por que este desperdício?” (Mt 26.8). Eles consideraram sua efusiva demonstração de amor como um desperdício. Mas Jesus validou seu amor, estabelecendo a verdade de que é correto, às vezes, sermos pródigos ao nos derramarmos extravagantemente sobre Ele.
Então, novamente, pergunto: você já passou tempo com o Senhor? O que eu quero dizer é: depois de você ter feito sua leitura bíblica e de ter louvado e adorado, depois de você ter apresentado seus pedidos e intercedido, depois de ter sido cheio e renovado pelo Espírito Santo, você ficou ainda mais um pouco com Ele somente por amor?
Você não “precisa” ficar mais tempo no lugar secreto por causa de seus objetivos, mas deve decidir permanecer lá apenas para “passar” mais algum tempo na presença de Deus por amá-lo - porque você é uma noiva apaixonada e apenas anseia ficar com Ele. Que dignidade e honra o Senhor Jesus atribuiu àqueles que escolhem amá-lo e gastar suas vidas com Ele!
Muitos de nós vivem com sentimentos de culpa em relação ao lugar secreto, porque perderam o foco de suas identidades como noiva de Cristo. Passar tempo com Ele não é uma obrigação nem uma tarefa; é a empolgação e anseio de nossa alma. Quando conseguimos ficar com Ele, ficamos enlevados; quando afazeres nos impedem a comunhão, ficamos com a sensação de perda e frustração e com uma antecipação entusiástica de nossa próxima comunhão com Ele. O lugar secreto não é onde desempenhamos nossa tarefa sagrada como cristãos, mas onde nos deleitamos em estar com Aquele que amamos.
Veja como a noiva de Cristo é descrita em sua plenitude:
O anjo que falava comigo tinha como medida uma vara feita de ouro, para medir a cidade, suas portas e seus muros. A cidade era quadrangular, de comprimento e largura iguais. Ele mediu a cidade com a vara; tinha dois mil e duzentos quilômetros de comprimento; a largura e a altura eram iguais ao comprimento. — Apocalipse 21.15-16
Esta passagem está associada a Efésios 3.17-19, onde Paulo fala sobre o comprimento, a largura e a altura do amor de Cristo. João vê a esposa do Cordeiro tendo as mesmas dimensões de amor que o noivo - um amor que é igualmente pleno e completo em comprimento, largura e altura.
Comprimento
Exatamente como o amor de Cristo mergulha nas profundezas do pecado humano, o amor da noiva alcança os mais profundos recessos da humanidade para elevá-los para a glória. Nenhum comprimento é suficiente para expressar a intensidade deste amor parecido com o de Cristo. Ela não amará sua própria vida, ainda que corra o risco de morrer, por amor ao evangelho.
Largura
Exatamente como o amor de Cristo atravessa cada camada e divisão da raça humana para abranger pessoas de todas as línguas, cores e níveis de escolaridade, da mesma forma este amor de Cristo através da noiva alcança todos os povos. Seu coração é tão inflamado que adota todas as pessoas por quem Cristo morreu.
Altura
Aqui estão as alturas gloriosas de seu perfeito amor - os sentimentos imaculados de uma deslumbrante noiva por seu amado que é exaltado acima de qualquer nome. A pureza e a glória de suas paixões se elevam como uma montanha majestosa de régio esplendor.
Nossa! Eles não formam um par incrível?! Juntos, vestidos com formidável perfeição, plenamente compatíveis e igualmente unidos em todos os caminhos eles são a história de amor do céu. Para sempre.
Capítulo 47
O SEGREDO DE APEGAR-SE
Apego-me aos teus testemunhos, ó Senhor; não permitas que eu fique decepcionado. - Salmos 119.31
Como “vaso mais frágil”, uma das coisas que eu sinto profundamente como noiva de Cristo é a impotência e a vulnerabilidade longe de Jesus. Especialmente em momentos de dificuldades ou adversidades, quando realmente sentimos que precisamos dele, nos apegamos a Ele como uma pessoa que não sabe nadar se agarra a um colete salva-vidas. Durante períodos de crise, o lugar secreto se torna nossa fonte de sobrevivência, pois nos apegamos a Ele e clamamos por ajuda.
Há períodos em que fico especialmente apegado. Por causa desse sentimento, perguntei a Deus: “Senhor, você está ofendido por, nestes momentos, eu ficar tão desesperadamente apegado a você?”. A resposta que veio ao meu coração foi: “Não, eu amo quando depende de mim. Sem mim você não pode fazer nada, mas nem sempre você se dá conta desta realidade. Eu amo quando, finalmente, você sente que precisa de mim mais do que o ar que respira e se apega a mim com todas as suas forças”.
Há momentos em que minha alma está sendo açoitada pelos ventos e não compreendo a natureza da batalha. Se soubesse a proveniência ou como me defender, seria muito mais fácil. Mas eu me encontro enredado por um redemoinho de emoções e incertezas, e fico sem saber o que fazer. A única coisa que sei fazer nesses momentos é fugir para o lugar secreto, tremendo diante de Deus em minha vulnerabilidade e me apegando a Ele desesperadamente.
Eu costumava pensar que a maturidade cristã significava nos fortalecermos cada vez mais até sermos uma força intimidadora a ser considerada pelos poderes das trevas. Mas a imagem de maturidade que nos é dada nas Escrituras é bem diferente disso: “Quem vem subindo do deserto, apoiada em seu amado?” (Ct 8.5). Aqui vemos a noiva que foi aperfeiçoada em amor no período do deserto. Qual é a qualidade mais marcante dela? Ela está dependendo de seu Amado para ajudá-la a dar cada passo! A experiência me ensinou que preciso da ajuda de Jesus, literalmente, em cada área de minha vida. Então, me sustento nele com uma dependência desesperada.
Muitas vezes, quando me levanto para ministrar para um grupo de cristãos, me sinto “hesitante”. Fico buscando em meu espírito como proceder, me esforçando para discernir a vontade do Senhor para aquele momento de ministração. Descobri que quanto mais forte me sinto, mais fácil é errar e passar à frente de Deus.
Quanto mais fraco estou, mais desesperadamente o busco para obter direção e percepção. Portanto, nestes momentos, normalmente o sigo mais de perto. Então, às vezes, apenas fico diante das pessoas hesitando e me apego a Ele! Assim que isso acontece, descubro que Ele é incrivelmente fiel para direcionar meus passos de acordo com a sua vontade. No momento de minha maior fraqueza descobri que com o auxílio dele posso atacar uma tropa; com o meu Deus posso transpor muralhas” (SI 18.29).
Você não se importará de se apegar a Ele em público, se já tiver se apegado a Ele em particular. O lugar secreto é onde nos estabelecemos como “pessoas apegadas” a Deus.
Quando deixamos de nos apegar a Deus, nos tornamos presas de toda a sorte de enganos e armadilhas. Falando do relacionamento de Jesus com os líderes judeus, as Escrituras dizem: “A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular” (118.22). Os construtores eram os sacerdotes e escribas judeus. Eles eram educados e treinados, já tinham feito seu estágio e eram constmtores habilitados por Deus. Mas a despeito de sua especialização, rejeitaram a própria pedra que Deus tinha estabelecido como angular.
Esta mesma tentação confronta os líderes de hoje. E possível que nós, após todo o nosso treinamento e experiência, rejeitemos o que Deus determinou que fosse usado de um modo central em um certo momento. Atenção todos os construtores: precisamos manter uma constante consciência acerca de nossa própria inaptidão. Sem um relacionamento de apego ao Senhor, podemos facilmente perder a pedra da verdade que Deus está estabelecendo entre seu povo hoje.
Apego-me a outra coisa no lugar secreto: à Palavra de Deus. Agarro sua Palavra ao meu peito como se fosse minha própria vida. “Apego-me aos teus testemunhos, ó Senhor; não permitas que eu fique decepcionado” (Sl 119.31). Acho que os “testemunhos” apontam, em parte, para as histórias dos poderosos atos de intervenção de Deus em favor dos santos da história - como Ele dividiu as águas, como alimentou o povo israelita com maná, como derrubou os muros de Jerico e como ressuscitou os mortos. Estes testemunhos de Deus refletem seus propósitos — como Ele trata seus santos que o amam. Apego-me às histórias do poder revelado de Deus porque elas me incentivam a pensar que Deus opera ainda hoje da mesma maneira magnífica. Apego-me aos testemunhos de Deus, pois preciso que o mesmo poder milagroso seja liberado na minha própria vida. “Ó Senhor; não permitas que eu fique decepcionado!”
Depois que Jesus ressuscitou, Ele apareceu primeiro a Maria Madalena (intencionalmente). Note que Maria foi a última pessoa a sair da tumba no dia de seu sepultamento e a primeira a chegar nela na manhã do terceiro dia. Quando mais ninguém estava lá, Maria estava. Portanto, Jesus se revelou primeiramente para quem mais o amava e sentia sua falta! Quando Maria o viu, se encheu de alegria e abraçou seus pés. Então, Jesus disse a ela: “Não me segure, pois ainda não voltei para o Pai” (Jo 20.17).
Mas Jesus não estava repreendendo-a como se pensasse que Maria não podia segurar nele daquele jeito. Ele simplesmente estava querendo dizer: “Ainda não é o momento. Conheço a pureza do seu coração. Sei que você anseia estar comigo apaixonadamente. Mas preciso voltar para o Pai antes de nos apegarmos no Reino de Deus”.
Ao segurar Jesus, Maria Madalena foi uma representação dos últimos dias da noiva de Cristo. Com o mesmo anseio da Maria de antigamente, atualmente existe uma companheira nupcial que está ansiando pela aparição de Jesus. Ela o procura, espreitando no escuro, doente de amor e ansiosa por vê-lo. Ela chora e aguarda. Esse é o tipo de noiva para a qual Jesus está voltando. E, quando se revelar a ela pela segunda vez, ela não será mais deixada.
Mesmo que Ele me diga “Não me segure”, meus braços agarrarão seus pés e eu nunca o deixarei partir! “Nós o perdemos uma vez, Senhor, e eu nunca mais o soltarei novamente!” E, então, nos apegaremos a Ele para sempre apaixonadamente.
Mas até este dia glorioso chegar, me apegarei a Ele e no lugar secreto lhe devotarei todo o meu amor.
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