O SEGREDO DA UNIÃO COM DEUS

DIA 40 - Sexta
Publicado em 29/03/2024

Segredos do Lugar Secreto - Bob Sorge

 

Capítulo 52
O SEGREDO DA UNIÃO COM DEUS

Há um profundo clamor, no âmago do coração de todo homem, por uma conexão com Deus. Fomos criados para permanecermos em Cristo! É esse clamor por intimidade com Deus que fez com que você lesse este livro. É o mesmo clamor por uma conexão com Deus que encheu o coração da mulher samaritana em João 4, embora ela nem mesmo soubesse como expressar seus anseios. Ela procurou amor nos lugares errados, mas o Mestre viu seu coração e sabia como atraí-lo.

Quando Jesus falou com essa mulher junto ao poço de Jacó e ela percebeu que Jesus era um profeta, imediatamente fez sua primeira pergunta: “Nossos antepassados adoraram neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde se deve adorar” (Jo 4.20). Sua pergunta foi: “Qual é a forma certa de se conectar a Deus — aqui neste monte ou em Jerusalém?”.

Acima de tudo isso, o anseio do coração dela era de ter uma conexão significativa com o coração de Deus. A pergunta sobre o “local” era feita com tanta frequência naquele tempo que ela acabou perdendo a esperança de algum dia se conectar a Deus e sucumbiu a um estilo de vida de fiagrante pecado. Mas, apesar de seu estilo de vida pecaminoso e a sensação de impotência de algum dia encontrá-lo, seu coração ainda doía de desejo de se conectar a Deus!

A resposta de Jesus deve tê-la surpreendido. Ela aprendeu que mesmo que estivesse buscando se conectar a Deus, Ele estava, de forma ainda mais ativa, interessado em buscar aqueles que desejavam se conectar a Ele em Espírito e em verdade (Jo 4.23). Jesus a procurou para lhe revelar que o Pai desejava encontrar adoradores como ela!

Deus tem se mostrado muito diferente do que nós pensamos. Ele anseia por nós, em ser um conosco, em ter um mesmo pulsar de coração conosco. Os antigos tinham um termo para descrever essas dimensões superiores de intimidade espiritual, que chamavam de “união com Deus”.  Essa é a conexão com Deus pela qual o coração do homem anseia.  Jesus veio para nos tornar um com Deus (Jo 17.21-23). É na união com Deus que encontramos a maior satisfação e, também, a mais gloriosa motivação para explorarmos as profundezas do seu coração ardente.

Deus soprou na alma humana um profundo desejo de união com Ele. Então, nos equipou com o vocabulário para conversar sobre isso quando nos deu o modelo do casamento. Ele disse: “Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne”. (Gn 2.4). A união do casamento ocorreu para servir de exemplo e nos dar um modelo mental para compreendermos a união espiritual.

Agora, por que um homem e uma mulher jovens decidem se casar?  E por puro romance? Bem, um casal pode ter um romance enquanto namora sem precisar se casar. Eles podem ter amor, intimidade, amizade, companheirismo, comunicação, comunhão - todas essas coisas - e ainda não se casar. Mas estou me referindo ao namoro em sua pureza e inocência.  Então por que se casar? Porque embora as pessoas possam usufruir de todos os benefícios mencionados acima concernentes ao namoro puro e íntegro, sem ter necessidade se casarem, há uma coisa que elas não tem. Os casais se casam, essencialmente, para se unirem.

Deus nos deu um grande desejo de união — com o nosso cônjuge e ainda mais com Ele. Sabemos que um dia virá em que todos nos uniremos a Cristo na ceia do casamento do Cordeiro, mas as Escrituras mostram claramente que há dimensões de união com Cristo que estão disponíveis para nós aqui e agora. A plenitude virá depois, mas o que está disponível para nós agora merece nossa busca diligente.

Há um versículo, acima de todos os outros, que me levou a buscar a união com Deus. Ele é tão pouco mencionado e destacado que já o tinha lido várias vezes sem perceber seu real valor. Mas um dia o versículo cresceu para mim em grande proporção: “Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com Ele” (1 Co 6.17). Segundo o contexto, Paulo está falando da união que acontece através do relacionamento sexual. Sua conclusão é que a união sexual está, de alguma forma, apontando para um tipo de união espiritual que temos com Cristo e que ultrapassa em muito o plano físico/sexual.

Veja o que me chamou a atenção nesse versículo. Ele diz que o Senhor e eu somos um espírito. Quando imaginava uma comunhão espiritual com o Senhor, sempre imaginava dois espíritos separados, como se o espírito dele e o meu estivessem “se beijando”. Mas essa passagem revela que quando estamos unidos a Cristo, deixamos de ser dois espíritos e nos tornamos um. Um espírito com Deus! A ideia é tão fantástica que chega a parecer ilógica ou absurda. Quando me entrego a Cristo, nós dois nos tornamos um.

Cristo em mim, a esperança da glória! Os mais altos céus e a terra não podem conter Deus (At 7.49-50), mas de alguma forma Deus criou a alma humana com a capacidade de ser sua habitação. Há algo dentro de nós que é mais capaz de conter Deus do que o Universo. Essa é a forma maravilhosa que Deus nos fez. Posso “ser cheio de toda a plenitude de Deus” (Ef 3.19), com a plenitude “daquele que enche todas as coisas, em toda e qualquer circunstância” (Ef 1.23). Os mais altos céus não podem conter Deus, mas o espírito humano pode. Nossa!

Deixe-me ilustrar isso com uma pergunta. Se colocássemos um copo de água pura no oceano, você diria que o oceano está diluído? Não, você diria que o copo de água pura foi totalmente absorvido e perdido na vastidão do oceano. Isso é o que acontece na união com Cristo. Quando me uno a Ele, perco minha identidade no oceano de sua grandeza, e então posso dizer: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (G1 2.20). Sou um com Ele e minha identidade foi gloriosamente perdida na imensidão de sua majestade e esplendor.

Não estou querendo dizer que nos tornamos Deus. Longe disso.  Seremos eternamente os seres criados e Deus será eternamente o Criador.  O abismo entre Criador e criatura permanecerá para sempre. Contudo, de alguma forma gloriosa, a criatura se torna um espírito com o Criador, e eles passam a ser unidos com afeições eternas de amor e devoção.

Se este pensamento lhe parece espantoso, saiba que os anjos ficam completamente perplexos com isso. Desde a eternidade passada, existe uma fornalha ardente de amor que foi limitada a três: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Eles têm desfrutado de uma afeição de proporções astronômicas que é tão ardente em sua intensidade e escopo que nenhuma outra criatura ousaria entrar nessa fornalha.

Oh, o amor que atrai o Pai ao coração do Filho e o Espírito Santo ao coração do Pai, e o Filho ao coração do Espírito Santo! E, agora, à medida que os anjos contemplam esse fogo ardente, eles veem a forma de uma quarta criatura andando em meio ao fogo. E essa quarta criatura tem a aparência da noiva de Cristo! A raça humana caída foi elevada à unidade com a Divindade! As ramificações estão além da compreensão até mesmo dos seres mais brilhantes que contemplam diante do trono de Deus.

Somos um espírito com Deus! E tudo o que é necessário é que nos “unamos a Cristo”. Mas o que significa estarmos unidos a Cristo?

A palavra do Antigo Testamento para “unido” tem uma variedade de nuanças em seu significado. Um sentido fascinante da palavra é encontrado em Salmos 63.8: “A minha alma apega-se a ti; a tua mão direita me sustém”. Portanto, a ideia da palavra literalmente é buscar com a intenção de pegá-lo”. Davi está dizendo: “Senhor, estou buscando-o muito de perto e estou determinado a pegá-lo. E quando eu fizer isso, o agarrarei e nunca o deixarei ir! Ficaremos unidos para sempre!”.

Então, para se unir a Cristo é necessário buscá-lo com intensidade e com a intenção de agarrá-lo. Essa é a busca santa para a qual fomos convidados e é a magnífica obsessão do lugar santo.

Quando penso em estar unido a Cristo e como eu poderia ilustrar esta verdade para você, me remeto ao exemplo de Maria Madalena. Ela representa a noiva de Cristo dos últimos dias que esta buscando-o com o desejo de unir-se a Ele. Jesus tinha expulsado sete demônios dela, e porque ela foi perdoada, muito foi amada.

Esse amor ficou evidenciado pela forma como ela chorou na tumba de Jesus e foi a primeira a buscá-lo na manhã da ressurreição. Maria dedicou-se à busca santa, então, quando Jesus se revelou a ela, instantaneamente abraçou os seus pés. Seu coração ansiava por essa união com Deus.

Como Maria, a noiva de Cristo permanece hoje, nos últimos dias, ansiando pela aparição do seu Senhor. “Pai celestial, para onde você o levou?  Traga-o para mim e partirei com Ele, pois anseio estar com Ele . E, da mesma forma que Maria na tumba, estamos procurando, chorando, ansiando, observando. Certamente Ele está voltando para se revelar primeiramente a sua noiva que anseia tanto por Ele! E quando vier pela segunda vez, teremos encontrado Aquele por quem nossa alma anela. Nossa busca estará terminada, pois pegaremos nosso Amado, o agarraremos e nunca mais o deixaremos ir.

Naquele momento, Ele “transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso” (Fp 3.21). Essa noiva e esse noivo celestes andarão no corredor da glória juntos e se unirão no matrimônio santo que será celebrado pelo Pai das luzes. Nada jamais nos separará novamente.  Não haverá mais choro, nem dor, nem lágrima. O desejo das nações será realizado. E, dessa forma, estaremos para sempre com o Senhor!

Mas até esse dia chegar, me retirarei para o lugar secreto, como a noiva com o coração doente e apaixonada que anseia contemplar o noivo.  Eu o buscarei com a intenção de pegá-lo. E exultarei em nosso secreto silêncio - o lugar do mais alto grau de intimidade - pois aqui estou unido a Ele e somos um espírito.

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