Uma festa cheia de controvérsias • William Pessanha

Lição 35 - Módulo III - 24OUT2021
Publicado em 24/10/2021

A VIDA DE NOSSO SENHOR 
EBD – Lição 35– Módulo III – 24.OUTUBRO.2021
Uma festa cheia de controvérsias
ESTUDO CRONOLÓGICO NOVO TESTAMENTO

O ministério de Jesus já era conhecido de toda a região da palestina. Milagres, curas e libertações já haviam sido feitas. Muitas pessoas o procuravam, porém muitos também o odiavam e planejavam mata-lo. O nosso estudo de hoje vai demonstrar a atitudes de Jesus e as pessoas em volta dele: Antes da festa, durante a festa, no último dia da festa e depois da festa.


1- Jesus vai em segredo a Jerusalém (Jo 7.1-10)
Os judeus tinham 3 principais festas nas quais era ordenado que todo judeu participasse: Pascoa, tabernáculo e pentecostes.
A festa em questão e a dos tabernáculos, “Os requerimentos para essa festa estão descritos em Levítico 23 e Deuteronômio 16. Levítico 23.34 diz que a festa devia durar sete dias.” E E Bruce diz que “os hebreus davam a essa festividade o nome de festa das tendas {sukkôth) porque durante toda a semana de duração as pessoas viviam em barracas feitas de galhos e folhas (Lv 23.40-43), construídas pelos moradores das cidades no quintal ou sobre o telhado plano das casas.
Muitos judeus de regiões distantes da Palestina e da Dispersão iam a Jerusalém para a festa, que marcava uma das três grandes peregrinações do ano judaico.”

Essa festa tinha algumas coisas em particular.
a) “A festa dos tabernáculos relembra-nos a intervenção sobrenatural de Deus na libertação do seu povo da escravidão no Egito. Deus demonstrou seu poder sobre os deuses do Egito. Deus revelou seu braço forte abrindo o mar Vermelho. Providenciou durante quarenta anos maná do céu e água da rocha. Dirigiu seu povo durante o dia por uma coluna de nuvem e durante a noite por uma coluna de fogo. Nesses quarenta anos, eles habitaram em tendas, e Deus os protegeu, os abençoou e os conduziu”

b) “Os judeus, nos dias de Jesus, celebravam essa festa no final das colheitas para agradecer a Deus sua provisão. Habitavam em cabanas para relembrar como Deus os havia protegido na peregrinação pelo deserto. Separavam-se do conforto para habitar em tendas improvisadas com vistas a se identificarem com os peregrinos do passado e demonstrarem que sua alegria estava em Deus, e não no conforto dos bens materiais.”

c) “No entanto, essa festa também apontava para o futuro, para aquele glorioso dia em que Deus armará sua morada definitiva com os remidos, quando, então, veremos nosso Senhor face a face (Ap 21.1-4).”

O que aconteceu antes da festa?
a) A incredulidade dos irmãos de Jesus.
“Os irmãos de Jesus não acreditavam em Jesus, embora, a essa altura, já tivessem percebido que suas afirmações e suas obras não eram de um homem comum. O raciocínio deles era o seguinte: Se Jesus de fato era quem dizia ser, então devia proclamar e demonstrar isso publicamente, para receber o reconhecimento. Os irmãos de Jesus pensavam que uma pessoa pública que quer avançar deveria causar impacto na capital.”

b) A sabedoria de Jesus.
Jesus já estava sofrendo forte oposição por parte dos líderes religiosos. Ir a Jerusalém era certeza de confronto. Por causa disso, Jesus toma a decisão de permanecer na galileia até tempo oportuno. A agenda de Jesus não é semelhante à dos seus irmãos. Por causa disso, ele procura não entrar em embates desnecessários antes do tempo


2- Polêmica acerca do Messias (Jo 7.11-53)

O que aconteceu na festa?
a) a procura por Jesus.
Quando a festa começou a procura inevitável por jesus aconteceu. Os líderes e povo comum perguntavam por ele com opiniões diferentes.
    Os líderes Judeus ficaram à procura dele entre a multidão, perguntando: "Onde está aquele homem?" Os líderes religiosos tinham grande influência sobre o povo. Mas não puderam fazer nada contra Jesus durante este tempo, mas ameaçavam a qualquer que pudesse apoiá-Lo publicamente. A expulsão da sinagoga era uma das represálias por acreditar em Cristo (9.22

 O povo também discutia a respeito dele, com algumas diferenças de opinião, oscilando entre o veredito de é bom e enganar o povo. O medo dos judeus mantinha os comentários em voz baixa (7:13).)

b) O ensino de Jesus.
Quando a festa já estava em andamento, mesmo chegando a Jerusalém secretamente (7.10), Jesus subiu ao templo e passou a ensinar em público. De acordo com E E Bruce, “se Jesus tivesse ido com os peregrinos para o início da festa, poderia ter havido uma tentativa de dar-lhe uma entrada triunfal, como ocorrera seis meses mais tarde. Uma demonstração prematura dessa natureza seria muito perigosa, caso essa ocasião tivesse ocorrido pouco depois do massacre de galileus no pátio do templo, mencionado em Lucas 13.1.

Jesus agiu em silêncio, chegando à cidade no meio da semana da festa, e as pessoas que estiveram discutindo sobre sua atuação de repente perceberam que ele estava ali, no meio deles, ensinando no pátio exterior do templo.”

C) as reações ao ensino de Jesus.

O ensino de Jesus produziu admiração. Assim como aconteceu em outras ocasiões as palavras de Jesus produzem admiração e espanto. Jesus falava com autoridade. Jesus fala aos corações. Mas, 
O que deixava as pessoas perplexas era que Jesus não fez parte de nenhuma academia em Jerusalém, mas afirmava que oque ele falava vinha do próprio pai.

O ensino de Jesus o ensino de Jesus acusa os judeus de desobedecerem à lei de Moisés (7.19-24). “Jesus está no epicentro da mesma crise levantada na festa anterior. Eles perseguiram Jesus (5.16) e chegaram a ponto de querer matá-lo (5.18) por ter curado um homem paralítico num dia de sábado. Ao quererem matar Jesus por realizar esse milagre num sábado, longe de serem zelosos na observância da lei, na verdade a estavam desrespeitando.
E Jesus explica: a lei de Moisés permitia que um homem fosse circuncidado no sábado (7.22,23), e eles estavam querendo matar Jesus por curar um homem num sábado. Isso era julgar segundo a aparência, e não pela reta justiça (7.24).
Ora, a circuncisão era vista como um ritual de aperfeiçoamento: um membro do corpo, por esse rito, era aperfeiçoado, e isso precisava ser feito no oitavo dia de vida; quanto mais, portanto, deveria um ato ser realizado, mesmo no sábado, se ele aperfeiçoasse o corpo inteiro, isto é, se salvasse uma vida.”

O ensino de Jesus desperta a fúria dos judeus (7.30-32). Diante do buchicho da multidão a respeito de Jesus, os fariseus se mancomunaram com os principais sacerdotes para enviar os guardas do templo a fim de prendê-lo. Mas os guardas jamais poderiam fazê-lo, pois ainda não havia chegado a hora de Jesus ser entregue nas mãos dos pecadores.

O que aconteceu no último dia da festa 

“O ritual da festa dos tabernáculos era uma alegre celebração. Havia sete dias de festejos regulares. O povo habitava em tendas, trazia oferendas e levava água do poço de Siloé ao altar do sacrifício no templo. Essa festa encerrava o ciclo das festividades anuais. Em todos os sete dias da festa, um sacerdote enchia uma jarra de ouro com água do tanque de Siloé, acompanhado de uma solene procissão, voltava ao templo em meio ao toque de trombetas e aos gritos das alegres multidões e derramava a água sobre o altar.”

a) grande declaração de Jesus.

“No sétimo dia, o último e o auge da festa, o sacerdote acompanhado pela multidão, ao som de trombeta, fazia a procissão de tanque de Siloé ao templo sete vezes. Jesus, então, coloca-se no meio e brada: No último dia da festa, o dia mais importante, Jesus se colocou em pé e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Como diz a Escritura, rios de água viva correrão do interior de quem crê em mim. Jesus é a Rocha ferida da qual brota água viva. Jesus é a água da vida. Ele é o manancial das águas vivas. O que podemos aprender dessa declaração?

Primeiro, O convite de Jesus é para uma relação pessoal. [...] venha a mim [...]. O convite de Jesus não é para aderir a uma religião, mas para iniciar um relacionamento com ele. Só Jesus pode saciar a alma sedenta. Só ele é o caminho. Só ele é a porta. Só ele é o pão da vida. Só ele tem a água da vida. Só ele pode perdoar pecados. Só ele transforma corações. Os judeus estavam festejando o ritual, mas a religião não pode matar a sede da alma. Só Jesus pode! Sem Jesus, toda religião é vã

Segundo O convite de Jesus é para uma experiência pessoal. Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Jesus não está convidando as pessoas para olhar a água, analisar a água, admirar a água, conversar sobre a água, nem para criticar a água. Jesus convida as pessoas para beberem a água. Muitos ouvem falar de Jesus, leem sobre Jesus, mas não o experimentam. São religiosos, mas não convertidos. Muitos são criados na igreja, frequentam os cultos, mas nunca beberam da água da vida. Nicodemos era mestre, fariseu e líder religioso, mas Jesus disse que ele precisava nascer de novo.

Terceiro, Jesus oferece vida abundante (7.38). Cristo veio para dar vida plena, abundante, maiúscula e eterna. Jesus não menciona um filete de água, um riacho, nem um rio. Ele fala sobre rios de água viva. Um rio apenas pode trazer vida a um deserto. Um exemplo disso é o rio Nilo. O Egito é um presente do Nilo. Noventa e seis por cento das terras do Egito não são cultiváveis. Mas, onde o rio Nilo passa, há vida. O deserto do Neguev tem florescido porque Israel está levando água para o deserto, e, onde existe água, toda terra é terra boa.”


3- A mulher flagrada em adultério (Jo 8.1-11) 

O que aconteceu depois da festa?

A festa dos tabernáculos estava chegando ao fim. As caravanas já se haviam dispersado. O povo que tinha vindo de todas as cidades, vilas e campos e permanecido uma semana habitando em cabanas improvisadas, já estava enrolando suas tendas para voltar para casa. Logo bem cedo Jesus volta para a cidade e começa a ensinar novamente. Porém, diante dele é instaurado um tribunal improvisado. Vejamos então alguns detalhes desse julgamento.

a) A acusada.
“ela traiu seu marido. Essa mulher era casada. A palavra grega usada aqui para adultério é moikeia, que descreve uma relação extraconjugal. Ela violou os votos de fidelidade conjugal, quebrou a aliança, feriu a lei de Deus e transgrediu o sétimo mandamento.”

b) A acusação.
“A lei de Moisés previa a morte para o homem e a mulher flagrados no ato do adultério (Lv 20.10). No caso de moça virgem desposada, ou seja, noiva, a lei estabelecia a pena do apedrejamento tanto para a moça como para quem se deitasse com ela (Dt 22.23,24). Portanto, no tribunal da lei, essa mulher estava condenada.”

c) Os acusadores.
Esses homens tiveram atitudes vergonhosas a conduta dos acusadores foi hipócrita eles não se importaram com a vida da mulher, eles usaram a lei para tentar, expuseram a mulher a uma situação de vergonha pública. Queriam eliminá-la como um objeto descartável. No coração deles, não havia amor. Evocavam a lei para matar, e não para amar. Concordo com William Hendriksen quando ele diz que “o interesse principal dos acusadores não era a mulher. Eles apenas a estavam usando como um laço para pegar Jesus. Este, sim, era a verdadeira vítima! E, para realizarem esse propósito diabólico contra Jesus, jogaram para o alto qualquer gentileza ou vergonha que tivessem. A vergonha e os temores da mulher, ao ser exposta”

d) O justo juiz.
Ao ser interrompido de forma grosseira e desafiadora Jesus realiza o verdadeiro e fiel julgamento.

Primeiro, “Jesus s demonstra que só aquele que está livre de pecado tem o direito de exercer seu juízo sobre as faltas dos outros (8.7). Somos intolerantes com os outros e complacentes com nós mesmos. Somos críticos com os outros e tolerantes com nós mesmos. Jesus usa aqui uma referência direta de Deuteronômio 17.7 e Levítico 24.14 - as testemunhas do crime devem ser as primeiras a atirar a pedra, e não podem ter participação no crime em.”

Segundo, Jesus rasga o véu e demonstra o pecado dos acusadores (8.6-9). Jesus poderia ter tornado público o segredo do coração desses acusadores. “Poderia ter exposto a condição deles diante de todos. Mas, guardou silêncio diante da acusação e passou a escrever no chão.” É claro que o texto não nos diz o que Jesus escreveu, mas a palavra katagrafein é sugestiva. Significa escrever uma sentença contra alguém. Barclay é da opinião de que Jesus enfrentou esses sádicos tão seguros de si com a lista de seus próprios pecados.

Terceiro, “Jesus não diminuiu a gravidade do seu pecado da mulher. Ele não disse que ela era inocente ou que seu pecado não tinha importância. Jesus não tratou o pecado com leviandade. Ele não mandou a mulher para casa como se nada tivesse acontecido. Jesus não a condena. Somente Jesus tinha condições morais de condenar aquela mulher, mas escolheu dar a ela uma oportunidade de se arrepender. 

Quarto, Jesus a encorajou. Ele disse a ela: Vai. Volta à vida. Não fique carregando seus traumas, recalques e culpa. Ela vai livre, perdoada, restaurada e com dignidade. 

Quinto, Jesus a exortou a não voltar ao pecado. A natureza do verdadeiro arrependimento não é o arrependimento e novamente o arrependimento, mas o arrependimento e frutos dignos do arrependimento. O arrependimento é mais do que um sentimento; é a firme atitude de abandonar o pecado. O perdão de Cristo em sua graça não é uma desculpa para pecar. Nada de reincidência. 

Sexto, Jesus aborrece o pecado. Ele está abrindo uma avenida de obediência para ela. A lição eloquente que fica é esta: Os mais santos são os mais misericordiosos.”

CONCLUSÃO
Em mais uma aparição publica de Jesus, agora na ultima festa do calendário Judeu, houve embates e controvérsias. Mas por que? Porque, a vida, as palavras de Jesus inevitavelmente vão confrontar o erro e revelar a verdade.
Ele desmascara o falso e deixa evidente o verdadeiro. Ele demostra misericórdia e condena os juízes da vida alheia. De fato, onde Jesus está mudanças devem acontecer.

 


Autores:

 

:: Pr. Gilberto Martins

 


:: Pb. Ivan Pisani

:: Leandro Rangel

 

:: William Pessanha

 

   

 

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